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27/07/2015 / Paulo Wainberg

Guerra eterna

Que existe uma guerra subjacente entre o Bem e o Mal, os filmes de terror não nos deixam esquecer.

O Bem é representado pelos anjos e o Mal pelos demônios. O objetivo da guerra? Nós, os humanos. Se o Bem vencer seremos transferidos para as delícias do Céu, se o Mal vencer estaremos condenados às agruras do Inferno.

O Mal ataca e o Bem reage. As armas do Mal são os terroristas e suas bombas destruidoras, as armas do Bem são os sentimentos de consternação e moções de reprovação da ONU. As armas do Mal são os tufões, furacões, terremotos, tsunames, vulcões, enchentes e deslizamentos, as armas do Bem são os sentimentos de pena e dó e os movimentos de solidariedade com o envio de alimentos não perecíveis, roupas usadas e colchões velhos.

Dizem que o Bem está vencendo mas há os que discordam e afirmam peremptoriamente que o Mal já ganhou.

A turma do Mal organiza seus ataques meticulosamente enquanto que o pessoal do Bem frequenta as igrejas evangélicas onde os pastores querem mais é ser deputados e senadores e, para isto, precisam de ajuda, não para eles, é claro, mas diretamente para Deus, sendo que eles são os banqueiros de Deus, guardiães incorruptíveis dos pertences divinos.

Alguns arrivistas ousam afirmar que tais igrejas são, na verdade, agentes duplos à serviço do Mal, infiltrando-se nas legiões do Bem para corroê-lo de dentro para fora.

Não há prazo para a guerra terminar, o combinado foi que o último sobrevivente será declarado vencedor.

Enquanto isto o pessoal vai produzindo seus filmes reveladores das múltiplas facetas do conflito para que nós, Humanos, tenhamos cuidado e nos precavenhamos para não cairmos nas ilusórias oferendas do Mal, quais carros de luxo, mansões, dinheiro à rodo, para que não passemos a vida usufruindo só as coisas boas sem nada a nos incomodar, exceto talvez um furúnculo juvenil, olhando de cima para baixo a crise e colaborando inocentemente com os desígnios do Mal.

Enquanto isto o Bem nos oferece o suor de cada dia, as brigas domésticas, os juros altíssimos e pneus furados nos buracos da cidade, exigindo nosso estoicismo e sacrifícios como únicas atitudes capazes de levarmos os anjos do Bem à vitoria final.

Façamos, pois.

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