O galope da tartaruga
É como me sinto, uma tartaruga galopando para o mar, olhando muito além do que meus passos permitem, perseverando, insistindo, negando o fato óbvio: Jamais chegarei lá.
Vou sucumbir, eu sei, muito antes do fim da linha, porque o Tempo, esse Chronus, esse Saturno devorador de seus próprios filhos não tem complacência, paciência, não dá trégua e não estanca sua fome sobrenatural.
Meus olhos vêem até onde podem e fomentam um desejo insistente de chegar lá, coisa que meus passos não permitem, que meu galope jamais alcançarão.
Olho para trás e percebo, entristecido, quantos poucos metros consegui andar, quantas poucas coisas consegui fazer, quão vagas e fugazes foram minhas vivências.
Sei que alguns metros mais irei caminhar até sucumbir, antes de chegar ao fim.
E me pergunto: É justo ter que me contentar com tão pouco?
Não, não é nada justo. Um texto contundente, de levar o leitor à tontura, pela emoção. Mais uma estupenda crônica com o tom de mergulho profundo, que é o que o pensamento de Paulo Wainberg faz. Parabéns, amigo. Brilhante!
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