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31/12/2014 / Paulo Wainberg

Pirotecnia

Pelo jeito, parece que não tem mais jeito, vem aí outro ano novo, dia de festa mundial para fabricantes de fogos de artifícios e de grande alegria para prefeitos corruptos.

Já vi tantos, já passei por tantos, que ano novo para mim é só mais um e talvez, pois estou cada vez mais perto, seja o último.

Nenhum ano novo foi feliz, salvo fugazes momentos de felicidade, quase todos com muito mais perdas do que ganhos e, sem querer ser mórbido, todos com incalculáveis mortes no trânsito.

Homens sérios com cara de brabos continuarão participando de reuniões de cúpula e os acordos celebrados entre eles, nas internas e nas coxas, serão saudados como conquistas pelos opositores que, por profissão, terão mais motivos para lutar contra, de preferência com ataques, bombas, assassinatos e terrorismo.

Milhões comemoram o ano novo passando fome, morrendo de frio, assassinados, drogados, injustiçados, justiçados, traídos e amordaçados.

Já vi tantos e passei por tantos anos novos que, em menos de um dia, tornam-se velhos que sinto vergonha de desejar feliz ano novo a alguém, sabendo que nem mesmo meu desejo é sincero pois estou muito mais preocupado comigo do que com os outros.

Já perdi a ilusão e, o que é pior, perdi também a desilusão, entrei na etapa da indiferença e tudo o que desejo é que o tempo passe rápido e, assim passando, sobre um tempinho para mim.

Que a diversão seja possível e todos os que viram o olhar para o outro lado achando bonita a pirotecnia celebrem porres homéricos, em nome da paz, da boa vontade, da compreensão e da felicidade.

One Comment

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  1. claudia pechansky / Jan 7 2015 20:11

    Compartilho do mesmo sentimento, primo nem tão chato…

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