Rendição
Eu quero dizer, não, não, eu preciso dizer que somos a pior espécie que existe na natureza.
As outras espécies, formigas por exemplo, quando lutam e se matam, agem por conta do instinto, não possuem a razão nem consciência dos seus atos.
Nós, humanos, possuímos.
Nós, humanos, sabemos, sentimos, sofremos, conhecemos, sim, conhecemos o horror que provocamos e, ainda assim, continuamos a provocar.
Somos assassinos, não apenas porque uma lei humana diz que matar é assassinato, lei que é um pedaço de nossa razão em ação, não, somos assassinos porque matamos apesar da lei, apesar da razão.
Qualquer ser humano, qualquer indivíduo é assassino. Eu sou, você é, mesmo que eu e você jamais matemos alguém. Porque o desejo de matar, o instinto assassino está aqui, bem no fundo, esmagado por toneladas e megatoneladas de egos, porém a espreita, pronto a ultrapassar o menor descuido de nossa, sua e minha, consciência.
A mesma razão que inspira a humanidade a desejar a paz, ordena aos indivíduos que matem, trucidem e mutilem.
Cada morte causada por um ladrão em busca da sua carteira de dinheiro equivale a milhares de mortes provocadas por bombas, atentados e guerras.
Não há diferenças na morte, o morto deixa de existir, o que morre doente e o que morre assassinado, simplesmente morrem.
E é assim que me desiludo, perco a esperança, reconheço minha condição humana e me desligo de tudo, porque mesmo o mais sublime dos sentimentos humanos, aquele que talvez pudesse redimir a humanidade, elevando-a e concedendo a ela uma justificativa que fosse, um único sentido, o que já seria grandioso, esse sentimento sublime que é o amor, também morre.
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